Produção de bicicletas no Amazonas reflete prejuízo da pandemia.

Dados da Abraciclo para o mês de abril mostram forte impacto da pandemia do novo coronavírus na produção do PIM

Em sintonia com a divisão motorizada do polo de duas rodas, o segmento de bicicletas do PIM (Polo Industrial de Manaus) desabou sob a crise do Covid-19, em abril. A produção não passou de 10.071 unidades, 81,4% menor à de março (54.115 unidades) e 86,7% inferior à do mesmo mês de 2019 (75.680 unidades). Foi o pior resultado registrado para o subsetor nos meses de abril, desde 2011 (53.850).

A performance negativa comprometeu ainda mais o acumulado, que já havia entrado no vermelho no mês passado, após meses seguidos no azul. O balanço quadrimestral aponta para um recuo de 30,2%, de 259.422 (2019) para 180.994 (2020) unidades. Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nesta segunda (18).

A entidade informa que, em virtude da mudança brusca no cenário, vai rever suas projeções para 2020, mas ainda não arrisca números. Até fevereiro, a Abraciclo ainda esperava chegar a dezembro deste ano com um total de 987.000 bicicletas produzidas no PIM, resultado que apontaria para um acréscimo de 7,3% sobre 2019 (919.924). A pandemia do novo coronavírus, contudo, abortou essa estimativa.

“Registramos em abril um dos piores meses para o segmento no ano, com cerca de 75% das fábricas de bicicletas instaladas no PIM tendo suas operações paralisadas, diante da necessidade de preservação da saúde de seus colaboradores”, lamentou vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, no texto divulgado pela assessoria de comunicação da entidade.

Segundo o dirigente, no início de maio, somente 25% das fábricas de bicicletas instaladas no PIM estavam com a produção paralisada. O executivo destaca ainda que, entre as unidades fabris em operação, foi adotada uma série de medidas preventivas para os funcionários. Estas incluem o uso termômetros digitais para a medição de temperatura antes da entrada, mudança no layout da linha de produção, fornecimento de máscaras de proteção, ampla distribuição de álcool em gel 70% e alterações no sistema de ônibus fretado.

Gazola destaca que a Abraciclo está buscando formas de minimizar as dificuldades de caixa dos associados e dos “parceiros no varejo”, que também foram impactados pela paralisação. “Estamos apresentando pleitos junto ao governo federal sobre as necessidades operacionais das fabricantes de bicicletas. Com os governos estaduais e municipais, solicitamos permissão para a abertura de bike shops e bicicletárias, desde que estas atendam aos protocolos recomendados pelas autoridades de saúde”, informou.

O pedido para reabertura dos estabelecimentos está baseado, conforme o vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo, no fato de que a bicicleta representa uma boa opção de mobilidade urbana em tempos de pandemia. “Muitos países, como França e Reino Unido, estão estimulando a população a pedalar para reduzir a disseminação da Covid-19. Esta forma de mobilidade ajuda a evitar as aglomerações típicas dos transportes públicos”, frisou.

Demissões e indenizações
Na mesma linha, o vice-presidente da Fieam e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Nelson Azevedo, também não vê luz no fim do túnel para o polo de bicicletas do PIM, assim como para os demais segmentos industriais no curto prazo. No entendimento do dirigente, nem mesmo o aquecimento do mercado de delivery e a maior demanda de entregadores salvam o subsetor, dado o fechamento dos pontos de venda.

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“Estamos com a economia completamente parada por causa dessa pandemia. Principalmente no caso da Zona Franca, que produz quase que exclusivamente para o mercado interno. O setor vinha de uma boa recuperação, mas começou a sentir dificuldades em sua cadeia de suprimentos. A coisa piorou e já temos comércio e serviços de portas fechadas, enquanto a indústria trabalha com jornadas e salários reduzidos. Tem empresa que não tem como pagar a indenização de seus funcionários, e temo que teremos estatísticas ainda piores de desemprego, mais adiante”, lamentou.

Regiões e categorias
A categoria Bicicleta Elétrica foi a que registrou melhores números no volume de produção, em função da base depreciada. Em abril, foram fabricadas 251 unidades, queda de 27,7% ante março (347) e alta de 274,6% na comparação com abril do ano passado (67). A Mountain Bike (MTB) seguiu na liderança, com 7.112 bicicletas – contra 32.277 em março (-78%) e 42.344 em abril de 2019 (-83,2%).

Com 3.987 unidades, o Sudeste foi a região que mais recebeu bicicletas produzidas no PIM, 87,9% a menos do que março (39.992) e 90,6% aquém à 12 meses atrás (45.522). O Nordeste (2.740) veio em segundo lugar, com recuos de 60,8% (6.988) e de 65,9% (8.043), respectivamente. Sul (2.389, -71,2% e -77,2%), Centro-Oeste (749, -79,7% e -83,5%) e Norte (206, -90,5% e -98%) vieram na sequência.

Importações e exportações
A crise do Covid-19 também se fez sentir no volume de comércio exterior do polo de bicicletas, tanto nas importações de produtos similares, quanto nas exportações de ‘bikes’ ‘made in Manaus’. Dados do Comex Stat analisados pela Abraciclo apontam que foram importadas 732 bicicletas, em abril, em todo o território nacional. Na comparação com março, houve queda de 91,4% (8.495). Em relação ao mesmo mês de 2019 (3.892), o recuo foi de 81,2%. Os produtos vieram principalmente da China (78,1% e 572 unidades), Taiwan (14,5% e 106) e Vietnã (6,7% e 49).

As exportações de bicicletas fabricadas no PIM, por sua vez, somaram 15 unidades em abril, sendo que todas foram destinadas à Coreia do Sul. Esse volume representa uma queda de 98% ante as 749 unidades registradas em março de 2020 e de 99,6% na comparação com abril do ano passado (3.982).

Em depoimento ao Jornal do Comercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima, informou que as vendas externas do PIM seguiram o trimestre em trajetória “dentro do esperado”, para caírem com força em abril. “A emissão de certificados de origem está caindo muito. Normalmente, temos mais de cem, mas abril registrou menos de 50, com apenas dois ou três exportadores. E a situação tende a piorar”, concluiu.

Fonte – Jornal do commercio.

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